Ragnarok: Veja possível distribuição financeira da fraude dos respiradores no Nordeste


Publicado em 11/06/2020 | 316 Impressões | Escrito por Gilmar Ribeiro


Ragnarok: Veja possível distribuição financeira da fraude dos respiradores no Nordeste

Dos R$ 48,7 milhões pagos pelo Consócio Nordeste a empresa Hempcare para a aquisição de 300 respiradores mecânicos, cerca de R$ 12 milhões foram distribuídos entre os sócios da empresa, Cristiana Prestes Taddeo e Luiz Henrique, e a dois "facilitadores" como "comissão" pela intermediação do processo de contrato com o grupo formado pelos nove estados do Nordeste. O caso é alvo de inquérito que investiga fraude.

O valor em questão daria para comprar cerca de 120 equipamentos de respiração mecânica com tecnologia brasileira produzidos pela empresa Biogeoenergy, também envolvida na operação.

As contas da Hempcare e das pessoas envolvidas foram bloqueadas pela Justiça. Conforme depoimento obtido pelo Bahia Notícias com exclusividade, a empresa possui duas contas em que foram bloqueados um montante de R$ 1,2 milhão. 

A CEO da Hempcare, Cristiana Prestes Taddeo, teve R$ 9 milhões bloqueados em conta fora do país. Ela reconheceu, em depoimento, que o valor é referente a contratação a empresa pelo Consórcio Nordeste.

Cristiana abriu conta no Banco BTG e providenciou também abertura de conta na filial do BTG em Nova York, no Estados Unidos, após receber o valor pelo contrato com os estados nordestinos. No depoimento ela assegura que os valores remetidos para fora do país foram declarados no Banco Central e os impostos foram pagos.

No depoimento, Cristiana Taddeo revelou que em razão da contratação com o Consórcio Nordeste recebeu a quantia de R$ 5 milhões.

O mesmo valor de R$ 5 milhões foi repassado ao sócio de Cristiana, Luiz Henrique Ramos. Ele também teve contas físicas bloqueadas com um valor aproximado de R$ 300 mil e outros R$ 600 mil na conta jurídica.

A CEO da Hempcare ainda fez uma doação para a irmã, Luciana Taddo, no valor de R$ 120 mil.

Outra parte do recurso, no valor de R$ 9 milhões, foram repassados a Fernando Galante, apontado por Cristiana no depoimento como responsável pela "ponte" para o Consórcio Nordeste. As informações indicam que este supostamente teria recebido o valor em questão a título de comissão por ter apresentado Cristiana Taddeo a Cleber Isac, outro intermediário que participou da tramitação por possuir "influência política".

Para justificar a saída do dinheiro da empresa Hempcare para Fernando Galante, Cristiana diz ter condicionado o pagamento a uma nota de prestação de consultoria.

Quanto a Cleber Isac, a quantia recebida foi de uma "comissão" no valor de R$ 3 milhões de reais por este ter facilitado o contato com o Consórcio Nordeste.

Outra movimentação que consta no depoimento foi logo após a compra frustrada dos respiradores chineses, Cristiana então partiu para a compra dos produtos nacionais. A empresária relatou que pagou R$ 19 milhões ao seu sócio Paulo de Tarso, como primeira parcela para a compra, e após alguns dias mais R$ 5 milhões. Porém a compra não teria sido autorizada pelo Governo da Bahia.

ENTENDA O CASO
A compra dos ventiladores que agora é alvo de investigação por deputados, Polícia Civil e o Ministério Público Federal foi concretizada pelo governo da Bahia, que pagou adiantado pelos produtos que nunca foram entregues.

Foi a gestão do governador baiano que, inicialmente, denunciou e deflagrou a Operação Ragnarok para apurar irregularidades na empresa que recebeu pelos equipamentos, a Hempcare Pharma. 

No entanto, a investigação tomou outros rumos. Dias após a deflagração da Ragnarock pela Polícia Civil da Bahia, a dona da empresa Hempcare, Cristiana Prestes, um dos alvos da operação, citou o ex-chefe da Casa Civil do estado, Bruno Dauster, como o principal responsável pelas negociações envolvendo os respiradores. Segundo ela, que chegou a ser presa temporariamente, Dauster foi quem a procurou e ele conduziu “99,9%” das tratativas. O chefe da Casa Civil da Bahia foi exonerado após a declaração.

Após ter seu nome associado à compra mal sucedida de respiradores, o ex-secretário afirmou que sempre agiu “com absoluta transparência e rigor ético” e que deixou a pasta para evitar a politização do tema. 

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