Comunidade Vereda de São Felipe inaugura sua Casa de sementes
Publicado em 12/08/2019 | 268 Impressões | Escrito por Renato Abreu
Foi inaugurada neste sábado (10) mais uma Casa de sementes na região rural de Tremedal, projeto que visa o armazenamento compartilhado de sementes selecionadas por agricultores de uma determinada comunidade.
Após Salininha e Riachão, esta foi a vez da comunidade da Vereda de São Felipe, que foi contemplada com o projeto, realizou a construção e agora dará início ao depósito de material selecionado, formando o banco de sementes, que estará disponível para os agricultores da região. É um Projeto da Articulação do Semi-Árido (ASA) coordenado pela equipe do Centro de Convivência e Desenvolvimento Agroecológico do Sudoeste da Bahia (CEDASB)
A representante da comissão da ASA, Cássia, explicou que as comunidades contempladas com o projeto precisam estar dentro de alguns critérios, como organização e união, destacando essas e outras qualidades da comunidade Vereda de São Felipe.
Assim como o programa das cisternas, que levou praticamente todas as casas da região do semiárido a terem uma significante reserva de água para passarem o período de estiagem, também as cisternas de produção, proporcionando o desenvolvimento da agricultura familiar, o Banco de sementes vem para garantir ao agricultor uma semente de qualidade, sem a qual não é possível se ter uma boa produção. Os agricultores que ficam responsáveis pelo banco são chamados guardiões das sementes.
O evento, que contou com lanche à base de produtos naturais da região, declamação de poesia do poeta Domingos de São Felipe, apresentações teatrais, reisado, bingo e arrasta-pé, teve a participação dos representantes da comissão da ASA, Cássia e Roosvelt (popular Pombinho), a presidente da associação dos trabalhadores rurais da vereda, Adriana Matos, o agente de Saúde, Gerson, A vereadora Maria Mônica, dentre várias outras pessoas da comunidade e amigos destes.
Sementes do semiárido
Para ampliar a proposta de convivência com o Semiárido, a ASA lançou em 2015 um programa que reforça a cultura do estoque, desta vez, das sementes crioulas. Além de infraestrutura para estocar água para beber e produzir, as famílias serão apoiadas na sua prática de guardiães das sementes crioulas.
A depender da região do Semiárido, as sementes crioulas também são conhecidas como Sementes da Paixão, da Resistência, da Gente, da Fartura, da Vida. Variados nomes que simbolizam a relação de afeto das famílias agricultoras e populações tradicionais pelas sementes que as acompanham há gerações.
Assim, o Programa de Formação e Mobilização Social para a Convivência com o Semiárido: Manejo da Agrobiodiversidade – Sementes do Semiárido tem sua concepção assentada no reforço das estratégias de resgate e valorização do patrimônio genético, através do fortalecimento das práticas já existentes de auto-organização comunitárias.
Na dinâmica das comunidades do Semiárido, as famílias agricultoras selecionam as melhores sementes e as guardam para os próximos plantios. Nestes bancos de sementes familiares, existe uma verdadeira riqueza alimentar, capaz de assegurar a segurança e soberania alimentar e nutricional das populações do Semiárido. Algumas comunidades têm um nível de organização maior e criaram um banco ou uma casa de sementes comunitária.
Estimulando as dinâmicas de autogestão das sementes nas comunidades rurais, o programa se propõe a apoiar o fortalecimento das casas de sementes comunitárias, bem como a articulação delas em rede.
https://www.asabrasil.org.br/acoes/sementes-do-semiarido
Renato Abreu