200 dias letivos


Publicado em 2014-01-29 12:15:48 | 527 Impressões | Escrito por 0


200 dias letivos

 

Como professor que sou, por profissão e por gosto, não posso e não consigo deixar de pensar e, por conseguinte, de partilhar minha angústia e minhas reflexões a respeito do sistema educacional do qual faço parte. O que escrevo a seguir será, em parte, baseado em dados concretos, simples e acessíveis a qualquer um que perpasse rapidamente a questão educacional, seguido de uma análise simples, porém contundente, sem base científica, porém conclusiva.

A legislação prevê um mínimo de duzentos (200) dias letivos para um bom aprendizado dos alunos de acordo com os conteúdos básicos estabelecidos como prioritários para a vida futura do indivíduo, visando sua formação geral e seu aperfeiçoamento em determinada área profissional que porventura escolher. Em outras palavras, ao menos a tais conteúdos e a tal tempo escolar, a esse MÍNIMO, o estudante deve ter acesso para uma vida profissional ativa futura eficaz. Podendo, portanto, ser mais, ter mais conteúdo, aprender mais, ter mais tempo escolar.

E o que vemos? Nem mesmo o mínimo é cumprido. Qualquer outro assunto ou necessidade tem prioridade frente à educação, ficando essa relegada não a segundo plano, mas a terceiro, quarto, último. Por isso me soa sempre irônica qualquer propaganda veiculada em meios de comunicação dizendo que Educação é prioridade no Brasil. E por que o IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) – aquela bonita escadinha que a atriz vai subindo, falando palavras tão bonitas sobre educação – apresenta avanços? Porque tais dados são baseados no que está no papel e não no que acontece na realidade. O planejamento escolar é perfeito, a prática escolar é deprimente. O calendário escolar é extenso, a quantidade real de dias letivos nem passa perto do que é estabelecido.

Em Tremedal as aulas começaram, no ano de 2013, no mês de março, tendo um recesso de trinta dias em junho e finalizando o ano letivo no início de dezembro. Ou seja, oito meses de aula, que, descontando os finais de semana (sábados e domingos), uma conta simples: 8 x 22 = 176. Isso sem descontar feriados, “enforcamentos” de segundas e sextas-feiras, dias de luto etc.

Quando foi realizada a greve dos professores, em 2011, a qual foi por uma causa justa, a melhoria das condições da educação, a valorização do professor, enfim, as aulas não foram repostas, ficando os alunos com um grande prejuízo, não me lembro de quantos dias, mas acredito que mais de um mês.

É claro que não é a quantidade de dias letivos que define a qualidade da educação, porém mais dias de aula, em um país onde a deficiência educacional é tão grande, pode sim e significaria mais aprendizado e, consequentemente, alguma melhora.

Esse ano é o da Copa do Mundo de Futebol, que ocorrerá aqui em nosso país, o que significa ainda mais dias sem aula para “ver o Brasil em campo”, como se diz. E, Enquanto o Brasil estiver em campo, a educação estará cada vez mais em escanteio, fora de campo ou, pior, desclassificada de qualquer competição.

Renato Abreu

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